ANA TERESA MOTA | Consultora em Recursos Humanos
À primeira vista parece ser uma medida de empresas ricas, de quadros de topo, de tempos de vacas gordas, as creches e jardins de infância nas empresas são, agora mais do que nunca, uma medida de sobrevivência. É em tempos de crise que as empresas não se podem dar ao luxo de altas rotatividades porque se perde tempo e clientes com novas contratações, é em tempos de contenção que as empresas têm que descobrir formas de reter funcionários com baixos salários e sem prémios à vista, é em termos de forte necessidade de empenho dos trabalhadores que as empresas têm que descobrir como motivar quem anda deprimido e preocupado. Os trabalhadores não têm dinheiro para tempos livres, os avós regressam ao mercado de trabalho e já não podem ficar com as crianças, os pais são cada vez mais chamados ao seu papel de educador, e as empresas não se podem dar ao luxo de aliciar com bónus, nem de fechar as portas todos os dias às 18h em ponto. Já são algumas as empresas que optaram por este benefício com claras vantagens para os trabalhadores e que garantem assiduidade, empenhamento, fidelização e ainda uma imagem externa altamente valorizada. Para acrescentar ainda há benefícios fiscais para as empresas que tenham este tipo de serviços e começam a aparecer empresas especializadas que tratam de tudo, desde a construção da creche até à sua gestão, garantindo que a empresa não sobrecarrega os seus quadros e não tem que reforçar as competências da sua equipa para assegurar a qualidade destes serviços. Melhor seria apenas se todas as empresas conhecessem esta modalidade de motivação, se encarassem com seriedade a possibilidade de abrirem estes serviços e contarem entre os seus benefícios a existência de uma creche ou infantário para os seus colaboradores. Em tempos de vacas magras, quando o dinheiro que se investe tem que ser rentabilizado de forma quase imediata, um serviço de creche e infantário pode ser um investimento seguro e com retorno garantido – na assiduidade, na motivação, na retenção de quadros. Estou convencida que se as empresas pedissem às suas áreas financeiras, de marketing e de recursos humanos um estudo sério sobre o assunto rapidamente decidiriam que é uma boa aposta. Fica o desafio, porque um director interno pode fazer a diferença e conversar com os restantes, porque uma sugestão interna pode ser mais viável do que uma proposta de um consultor, porque ser criativo em tempos de crise pode ser mais benéfico para a empresa do que congelar e deixar de procurar alternativas.