Alex Kopli
Em 2004 cheguei a uma empresa para dar início a um projeto pioneiro, cheia de entusiasmo vesti a camisola e trabalhei com afinco, recebendo elogios e gratificações pelo meu bom desempenho e organização. Durante os cinco anos seguintes a minha vida baseou-se num esquema muito comum em Portugal, saía muito cedo de casa, metia-me num transporte público, seguia para o escritório, fazia o que tinha a fazer, metia-me novamente no transporte público e chegava a casa já a noite tinha começado. Tudo corria bem, até a maternidade me ter batido na cara e que afinal havia algo chamado PRIORIDADES PESSOAIS. A rotina que antes mantinha começou a figurar-se como um calvário diário, cheio de insatisfações e extremamente cansativo.
Realizei que afinal estava demasiado afastada daquilo que mais importava - a minha vida.
Ao chegar ao sexto ano de trabalho na mesma empresa, senti-me diferente e o apelo para sair, para mudar, era cada vez maior. Tracei um plano, no qual estava contemplado um projeto profissional/familiar que na altura estava a iniciar, ganhei coragem e demiti-me. O dia em que me demiti foi extremamente difícil, cheia de ansiedade e medo procurei deixar bem claro que eu não queria entrar numa espiral de descontentamento e que preferia sair do que começar a desleixar-me. Não queria, de maneira nenhuma estar ali de corpo presente e com a cabeça noutro sítio mais entusiasmante. Fui compreendida e saí com o apoio de todos os meus colegas, amigos e familiares, e a gratidão que sinto até hoje não se alterou.
Hoje em dia, sair de um emprego estável, sem qualquer indemnização, nem outra segurança social é um risco, no entanto, é uma via que nos faz continuar a busca por um suposto objetivo, um sucesso, algo que puxe por nós enquanto profissionais e indivíduos. Quando me cruzo com alguém que me conta problemas parecidos com os que tive pergunto logo: para além da tua profissão, há algo que faças bem e que te dê prazer? Se a resposta for afirmativa, esse pode ser o caminho para uma nova vida! Seja fazer baínhas, pintar paredes, tirar fotografias ou paginar teses, qualquer alternativa pode fazer a diferença a uma vida monótona. Dizem que os dias de crise económica são portas abertas para vidas novas e para a inovação; eu não almejo a riqueza, almejo sim a polivalência, o dinamismo, o optimismo e a constante busca de novas oportunidades, mesmo que os bancos nos acenem com spreads inaceitáveis, a sombra da Troika nos escureça os dias e o medo de colisões sociais nos tirem o sossego nas ruas.
Para a frente é que é caminho! "
beijinhos
sof*