Esperar que as coisas aconteçam não adianta, resolvi arriscar para tornar o meu sonho possível
Tem o sonho de ter três filhos e não abdica dele. Acha que ficar à espera que as coisas aconteçam não serve de nada. Por isso, acrescentou o cargo de gerente da loja Loviu Kids, no Porto, ao emprego de gestora de produto numa empresa. Carla Maia, de 35 anos, mãe de uma menina de dois anos, juntou mais trabalho ao trabalho para, no futuro, ter mais tempo para a família.
1. De que forma concilia a família com dois projetos profissionais?
São muitas as estratégias. No trabalho "normal" saio habitualmente às 17h para ir buscar a minha filha. Como ela tem um relógio biológico bastante diurno, às 20h30 precisa de ir para a cama. Assim, no domingo preparo refeições que congelo, de maneira a que o tempo que passamos juntas durante a semana seja realmente de qualidade, sem muitas tarefas. Relativamente à loja, graças à minha sócia e ao meu marido, apenas estou lá duas vezes por semana, sendo os restantes dias distribuídos por ambos.
2. A abertura da loja teve em mente o objetivo de ter mais tempo para a família?
A loja foi uma vontade de criar um projeto pessoal, um desafio e ao mesmo tempo conseguir, mais tarde, mais tempo para a família.
3. Pensa deixar o emprego “normal”, quando a loja for um projeto mais consolidado?
Sem dúvida. Adoraria ter três filhos, mas é difícil conseguir tempo e recursos para os ter. No entanto, acredito que esperar que as coisas aconteçam não adianta nada, pelo que resolvi arriscar para tornar o meu sonho possível.
4. Em Portugal é difícil conciliar trabalho e família? Os empregadores são pouco compreensivos com as mães trabalhadoras?
Os empregadores em Portugal são pouquíssimo compreensivos. Avaliam o trabalho de alguém pelo tempo que passa no escritório e não o trabalho realizado. Conheço inúmeros profissionais que saem todos os dias às 20h e não fazem metade do que faço. Isto porque, quando estou a trabalhar, estou de facto a produzir. Penso que os países nórdicos são mais sensíveis a este aspeto e valorizam o tempo em família, porque acreditam que o trabalhador é mais rentável se estiver satisfeito.
5. E com os pais trabalhadores, como se comportam? E como são tratados pelos empregadores?
Cada vez mais tenho colegas a querer participar na vida dos filhos. Contudo, a maioria é incapaz de o afirmar, muito menos para o empregador. Alguns pais saem a horas para ir buscar os filhos à escola. Mas o mais engraçado é que em Portugal fica mal sair a horas, apesar de passarmos muitas das nossas horas de trabalho a navegar pela internet ou a arrastar tarefas. O “parecer” suplanta o “fazer” e este é o real problema da produtividade em Portugal.
“Uma entrevista por mês” é a nova rubrica do blog Flexibilizar para Conciliar.
Queremos dar voz a pais e mães que conseguiram encontrar o equilíbrio entre o trabalho e a família, ou que estão a esforçar-se para lá chegar. Encontrar novas soluções ou bases para discussão que permitam atingir os objetivos do movimento é o objetivo da iniciativa.
Se vive uma experiência inspiradora neste sentido e quer partilhá-la, contacte-nos na nossa página no facebook ou deixe aqui um comentário.