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Flexibilizar para conciliar

Flexibilizar para conciliar

Por uma fexibilização sustentada, altruísta e com perspectiva social

02.05.11, flexbilizar ~ conciliar
Agradam-me as mudanças e aceito tudo o que signifique mudar para melhor. Mas confesso que no "Revolucionar para Flexibilizar" tenho lido muita coisa que me tem deixado de pé atrás e que tem a ver com a falta de conhecimento de algumas mães, coisa que me choca muito partindo do princípio que a maioria tem formação, informação e acesso livre e frequente ao conhecimento. As mudanças que não são sustentadas não levam a bom porto. O princípio é nobre e excelente, mas tenho dúvidas de que as pessoas o compreendam na totalidade :
1. Como é que uma mãe que não tem coragem para simplesmente informar que vai gozar o período de 2 horas por dia amamentação (que está na lei) pode ter coragem para exigir flexibilidade no horário de trabalho (que ainda não está na lei)?
2. Como é que uma mulher que não tem coragem para simplesmente informar que, após o nascimento do filho, regressará ao final de 5 meses (que está na lei), pode ambicionar uma licença de parto semelhante à dos países nórdicos (que não temos ainda)?
3. Que direitos pode pedir uma mãe que desconhece os que já tem?

Infelizmente é o que eu tenho visto mais nos textos que tenho lido: desconhecimento profundo da realidade. Isso pode ser suicídio em qualquer revolução.
Mais: para revolucionar nenhuma mãe pode centrar-se apenas no seu caso particular, mas ter uma noção global do estado das coisas. Uma revolução destas faz-se pelo bem da sociedade e do futuro e não para resolver uma situação individual ou para compensar uma revolta interior contra um determinado patrão ou chefe.
NUNCA deixei de exercer os meus direitos: não falto a uma reunião na escola, não falto nas festas do dia da mãe, sou eu que os levo ao médico, usufruiu da licença de parto na totalidade e também da licença de amamentação. Sobra-me tempo para mim? Sobra, sem dúvida! É uma questão de gestão do tempo. É suficiente? Não, claro que nunca é quando está em causa a tarefa de educar. Mas não se pode construir a casa começando pelo telhado e creio que há muita gente a querer construí-la pelo telhado.
Muitas mulheres e muitos homens lutaram demasiado para termos os direitos que temos. Temos que lhes fazer jus antes de mais nada, em vez de adoptarmos o discurso do "ah, exercer direitos não vale a pena porque nos despedem". É gravíssimo que uma mulher pense isto (a não ser que esteja sem contrato). É gravíssimo que uma mulher não saiba que um salário NÃO pode ser baixado (a não ser que seja pago por baixo da mesa). É gravíssimo que se vire as costas ao conhecimento, à informação, e depois se venha reclamar situações e benefícios para os quais as empresas e o país podem não estar preparados. Porque é preciso pensar nisso. Pensar na estabilidade das empresas também, porque as empresas são o motor da economia do país e no que toca à economia estamos como se sabe... na lama. E lembrarmo-nos que nem
todas as funções podem ser flexibilizadas.

Queria que percebessem que nada disto significa que eu discordo da flexibilização. Pelo contrário. Só acho que ela deve ser sustentada, altruísta, ter uma perspectiva social. E tenho pena de não ver essa visão numa grande parte dos textos que tenho lido no novo blogue. É tudo "eu, eu, eu, eu, eu, o meu marido, os meus filhos, eu, eu, eu...". Não se muda o mundo chafurdando no umbigo. Muda-se o mundo para se deixar uma herança. Que perdure para além de nós e dos nossos interesses particulares.

Uma notinha extra: e os pais, os homens? Não entram nesta história?
Não têm direito a nada? Não têm nada mais para conquistar ?

Um abraço
MP

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