Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Flexibilizar para conciliar

Flexibilizar para conciliar

Flexibilização

02.05.11, flexbilizar ~ conciliar
Acredito que a forma como um país
encara e protege a maternidade (no seu sentido amplo) diz muito sobre
a sua capacidade de evoluir, de se tornar melhor e de dar mais aos
seus. Educar é investir. Mas como se trata de um investimento cujo
retorno muitas vezes só se vê 20 ou 30 anos depois, e como os
portugueses têm visão de curto prazo e estão concentrados nos
resultados imediatos, a maternidade em Portugal sofre. Sofrem as mãos,
sofrem os filhos, sofrem os pais, sofrem as entidades patronais,
sofrem os clientes.
Contudo, mesmo achando este movimento nobre e consequente, creio que é
preciso cimentar algumas coisas que este país ainda não
consciencializou como dados adquiridos: os direitos fundamentais
associados à maternidade. Eles estão na legislação e, graças à
internet, estão acessíveis à maioria das pessoas. Mas atenção: há uma
boa parte das mulheres portugueses que nem sequer conhece bem esses
seus direitos elementares enquanto mães. Muitas mulheres não sabem,
por exemplo, que faltar ao trabalho para a consulta de obstetrícia (e
para qualquer outra) é um direito, uma falta justificada. Muitas
mulheres pensam que a licença de parto é um favorzinho da entidade
patronal. Aquelas que estão a recibo verde são um caso à parte. Mas as
que têm contratos de trabalho ou estão efectivas têm que perceber de
uma vez por todas que NINGUÉM lhes pode tirar o direito à licença de
parto, que não podem ser pressionadas para abdicar dele por causa ou
necessidade nenhuma! Muitas mulheres não gozam o direito à
flexibilidade de horário para amamentação (2 horas por dia) porque
também não sabem que ele está consagrado na lesgislação e algumas nem
sequer querem usufruir dele com o argumento de que têm muitas
responsabilidades no trabalho (como se as outras mulheres fossem umas
inúteis dispnesáveis). Muitas mulheres ignoram que NÃO é um favor da
empresa o facto de poderem sair para levar os filhos a consultas
médicas, poderem ficar com eles em casa em situações dce doença e irem
à escola com alguma regularidade para tratar dos assuntos respeitantes
à educação dos seus filhos. Contudo, tudo isto está consagrado na lei.
Só não sabe quem não quer saber.
Podemos perguntas: mas isto é suficiente? Não podemos ir mais longe?
Bolas, podemos, então não podemos? Podemos e devemos? Mas antes de
darmos um passo no sentido da flexibilização, devemos dar muitos no
sentido do esclarecimento, sob pensa de estarmos a construir uma casa
de bambu que facilmente vai pelos ares ao sopro dos lobos maus que
andam por aí à solta. A informação, o conhecimento, são as melhores
armas de que um cidadão dispõe para poder tornar-se livre. Só
conhecendo integralmente os nossos direitos, podemos perceber em que
sentido nos é possível avançar. Como saber o que podemos ter se não
soubermos o que já temos?
As mulheres estão cansadas, desgastadas, exaustas e, apesar disso,
quase todas felizes por serem mães. Mas a verdade é que muitas delas
não querem sequer saber os direitos que já têm. É legítimo que exijam
mais quando nem sequer conhecem o que já foi conquistado? E se
começássemos isto por outro lado? Pelo lado da informação, do
esclarecimento? Há certamente entre os vossos leitores pessoas de
diferentes especialidades técnicas que podem contribuir para isso, a
par e passo com as vivências e experiências pessoais de todas as mães
que podem continuar a atiçar este sentimento positivo e de mudança.
Pedir mais sim! Exigir mais sim! Mas em plena consciência, sempre.

Obrigada





MP (Mãe Preocupada)

6 comentários

Comentar post